Rota Sertão de São Francisco

Baco no Vale do São Francisco

Nem Chile, nem Califórnia. No sertão de Pernambuco, onde a caatinga vira oásis, está a mais nova e celebrada fronteira dos vinhos do Novo Mundo. Às margens do Rio São Francisco que tantos mitos e lendas deu ao Brasil, a geografia da bebida milenar se refaz. E o mundo não tarda a perceber.

Com mais de três mil horas de sol por ano, a região vinícola ao redor de municípios como Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista produz tintos e espumantes vigorosos e frutados. As parreiras não hibernam. São mais de duas safras por ano. Mais de 15% dos vinhos finos do Brasil já têm o Vale do São Francisco como região de procedência. No sertão pernambucano, Baco estende seus domínios.

E o turismo também não demora a perceber. Entre passeios pelas muitas ilhas e praias fluviais do São Francisco, cerca de três mil visitantes chegam todos os meses para conhecer e provar a produção das vinícolas locais. O Vale do São Francisco inscreve-se no mapa do enoturismo mundial. Faz agora companhia a destinos como o Vale do Loire e Bordeaux, na França, ou Mendonza, em nossa vizinha argentina.

Degustação garantida, esses visitantes logo estarão deslizando sobre embarcações nas águas do São Francisco. Todas protegidas pelas tradicionais carrancas de proa. Diz a sabedoria popular que essas esculturas mitológicas afastam os maus espíritos dos rios. Há quem creia. Há quem duvide. O certo é que conduzem aos prazeres do Vale. Aos da mesa, por exemplo. A região construiu uma culinária de muita personalidade, de deixar marcas profundas na memória do paladar. Guisados e assados, bodes e carneiros, animais resistentes que ajudaram o homem a fixar-se nesta parte do Brasil, protagonizam uma rica e suculenta gastronomia.

É também uma terra de oportunidades. Com 120 mil hectares cultivados e irrigados com as águas do Velho Chico, o Vale do São Francisco produz e exporta frutas como uva, manga, coco, maracujá e banana. Das 130 mil toneladas de manga que o Brasil manda para o exterior por ano, mais de 120 mil saem daqui. Muita gente vem para passear. Mas é difícil não fazer negócios. O brinde está garantido. Com vinhos do Vale do São Francisco.